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Notícias CCPY Urgente
Data: 31 - Dezembro - 1999
Titulo: Parceria FUNASA-URIHI pela Saúde Yanomami
Fonte:
Boletim URIHI - Saúde Yanomami, n° 0
A URIHI-Saúde Yanomami, uma organização não-governamental brasileira, recentemente assumiu, em parceria com a Fundação Nacional de Saúde (FUNASA), a responsabilidade pela assistência direta à saúde de aproximadamente 55 % da população Yanomami residente no Brasil, o equivalente a 6.414 pessoas. As atividades de campo já tiveram início em dezembro passado, após uma fase preparatória de três meses.
A URIHI foi fundada por membros da Comissão Pró-Yanomami (CCPY), a partir, principalmente, da experiência de atendimento de saúde que essa organização vinha desenvolvendo desde 1991 nas regiões do Demini, Toototobi e Balawaú. A partir de 1994, esse trabalho passou a ser totalmente financiado pela FUNASA e resultou numa expressiva melhora da situação de saúde nessas três regiões: redução da incidência de malária, redução dos coeficientes de mortalidade infantil e geral (atualmente 10 vezes menor que no ano anterior à assistência permanente), crescimento populacional acumulado de 22% nos últimos seis anos e cobertura vacinal média de 93 %.
Por outro lado, nas demais regiões da área Yanomami, onde a assistência à saúde dependia exclusivamente da ação direta do governo, era preciso atender às normas que regem o serviço público, bem como adaptar-se operacionalmente às necessidades de atendimento específico da saúde indígena. As restrições do processo de seleção e contratação de recursos humanos, bem como fatores ligados à administração de recursos e à precária gerência técnica local, impossibilitaram a assistência permanente na maioria dessas regiões. Tal fato vinha resultando em péssimos indicadores de saúde: alta morbi-mortalidade por doenças infecto-contagiosas, baixa cobertura vacinal, mortalidade infantil 2,5 vezes maior do que a média nacional. Esse quadro tão grave, com indicadores comparáveis aos países mais pobres do terceiro mundo, certamente deve ser ainda pior, considerando a reconhecida sub-notificação de dados devido à falta de assistência permanente a essas regiões, na última década.
No entanto, reconhecendo as dificuldades operacionais para assumir a contento as ações diretas no campo, a FUNASA/Ministério da Saúde iniciou, em meados do ano passado, a implantação de uma nova política de saúde para os povos indígenas. Isto significou a descentralização dos serviços de atendimento, através de parcerias com diversas instituições (prefeituras, estados, ONGs, etc), assim estruturando os Distritos Sanitários Especiais Indígenas em todo o país.
No caso da etnia Yanomami, a partir da experiência de convênio bem sucedido nos anos anteriores, a CCPY foi convidada a ampliar sua área de atuação. A fim de melhor desenvolver esse projeto de saúde ampliado, a entidade decidiu criar uma nova ONG, a URIHI. Assim, em setembro de 1999, celebrou-se o convênio entre a FUNASA e a URIHI, com duração prevista de 15 meses, após uma etapa preparatória, já decorrida, de três meses.
Apesar da árdua responsabilidade assumida, a URIHI confia plenamente que a parceria com a FUNASA será capaz de garantir a construção de um sistema de saúde que reverterá a gravíssima situação epidemiológica dos Yanomami assistidos pela
URIHI.
Principais Problemas
Alta incidência de malária e tuberculose;
Alta mortalidade geral e infantil devido às doenças e à desnutrição;
Isolamento das aldeias gera grande complexidade logística;
Invasão de garimpeiros cria constante instabilidade social;
Quadro Atual
População total: 11.682
População RR: 7.389
População AM: 4.293
Número de pessoas atendidas
URIHI: 6.414 (55%)
FNS: 637 (5,4%)
Outras ONGs: 4.631 (39,6%)
Projeto abrange mais de 6 mil pessoas
A URIHI trabalhará na assistência à saúde de uma grande parte da etnia Yanomami residente no Brasil (55 %), abrangendo 6.414 pessoas residentes em 12 sub-regiões desta área indígena: Ajarani, Auaris, Balawaú, Demini, Homoxi, Missão Catrimani, Parafuri, Surucucu, Toototobi, Tukuxim, Xiriana e
Xitei.
Este projeto visa à recuperação da grave situação epidemiológica desta população que apresenta altas taxas de mortalidade geral e infantil e elevada incidência de doenças infecto-parasitárias.
Para tanto deverá ser garantida a assistência permanente à saúde através da contratação e treinamento de equipes de profissionais com o perfil adequado para esse trabalho e nas condições específicas da área
Yanomami.
Deverão ser realizados investimentos na infra-estrutura dos postos de saúde e das pistas de pouso, na aquisição de medicamentos e materiais médicos básicos, além da organização do atendimento e de um sistema de apoio logístico para o desenvolvimento das atividades (transporte aéreo para área, comunicação, etc.), bem como de acompanhamento da situação epidemiológica e do impacto das ações.
Outras medidas também deverão ser adotadas, como a de iniciar um programa de educação em saúde para os Yanomami visando à formação de agentes de saúde e o desenvolvimento da educação comunitária.
Finalmente, para o alcance pleno do objetivo geral, o projeto deverá promover também a organização do controle social do Distrito Sanitário Yanomami (DSY), junto às lideranças das regiões abrangidas.
O projeto será desenvolvido no campo, em um ano, após uma etapa inicial preparatória, de três meses.
São 121 as aldeias atendidas pela URIHI
Area
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Nº
de Aldeias
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Acesso
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Surucucu
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28
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Nas
12 áreas Yanomami atendidas pela URIHI – Saúde Yanomami situam-se 121
aldeias, das quais somente 13 ficam próximas aos postos de atendimento.
As 108 restantes estão situadas, em média, de sete a oito horas de
caminhadas dos postos. As mais distantes encontram-se a vários dias de
marcha.
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Xitei
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18
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Auaris
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29
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Xiriana
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04
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Homoxi
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03
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Tukuxim
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01
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Catrimani
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11
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Demini
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01
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Balawaú
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09
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Toototobi
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06
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Parafuri
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09
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Ajarani
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02
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Coordenação Editorial:
Bruce Albert (Assessor Antropológico CCPY) e Luis Fernando Pereira (Jornalista CCPY)
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