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Esta seção procura seguir toda a atualidade Yanomami no Brasil e na Venezuela. Apresenta notícias produzidas pela Pró-Yanomami (CCPY) e outras ONGs, bem como notícias de imprensa. Propõe também comentários sobre eventos, publicações, exposições, filmes e websites de interesse no cenário Yanomami nacional e internacional.

Yanomami na Imprensa

Data: 22 - Novembro - 2001
Titulo: Fora de época e fornicação-Jessé Souza
Fonte: Folha de Boa Vista

Houve uma indignação muito grande da matéria publicada na revista Época desta semana que dedica doze páginas sobre Roraima. O telefone não parou desde anteontem em protesto pelo que leram. Por isso senti-me na obrigação de escrever sobre o assunto.

Os leitores repudiaram como o Estado foi desenhado na matéria: índios que matam suas mulheres e que estão pronto para a guerra, migrantes que encontram o paraíso, um monte de paranóicos que enxergam a internacionalização a todo momento e um bando de gente que vai para praça fornicar ao som da música da Pipoquinha.

O texto já começa na mesa de um bar falando sobre alguém que olha para o céu chafurdando a Via Láctea em busca de satélites espiões americanos, que querem internacionalizar as riquezas minerais e as belezas naturais de Roraima. Como se o Brasil já não tivesse sido internacionalizado sob a bandeira do FMI (Fundo Monetário Internacional).

Inebriada com os olhares de forasteiros, a jornalista Eliane Brum trata de registrar a brincadeira de algum espertalhão para começar a matéria. Como se todos aqui fossem trouxas a ficar olhando o céu estrelado em busca de satélites espiões.

Sinceramente não sei com quem essa jornalista da revista Época se envolveu nos dias que passou aqui. Com certeza foi ao lado de pessoas que não cansam de repetir que aqui não é Brasil e que o berço de Macunaima, o herói sem caráter, continua terra de ninguém.

As pessoas descompromissadas com esta terra repetem, de verdade, que aqui não é Brasil. E elas, graças a Deus, são cada vez em número bem menor. São uns e outros que vêm para cá ganhar o dinheiro fácil do governo sem trabalhar (pouparam os governos corruptos locais) e se atiram em férias nos seus Estados a qualquer feriado prolongado.

Conseguiram dizer que nossa população vai para a Praça das Águas se esfregar e fornicar ao som das músicas de letras impublicáveis da Pipoquinha, como se lá no Sul maravilha eles não tivessem as músicas pornográficas das popozudas, das potrancas e das cachorras que estão sempre no cio.

Talvez os dois jornalistas tenham ido lá na praça com a única intenção de arranchar um meio de "erotizar" sua matéria, para apelar ao sensacionalismo de uma dupla etnocêntrica que avalia um retalho da realidade local com os olhos do inusitado, do preconceito ou de não-sei-lá-o-quê.

Pior: desenharam a imagem dos Yanomami como se eles fossem humanóides que caceteiam suas mulheres; como se lá no Sul e no Sudeste eles não tivessem os maníacos do parque à espreita, supostamente seres humanos.

A matéria tem sim algum fundo de verdade a respeito da disputa pela demarcação das terras, mas caiu outra vez na apelação de que por aqui há uma Afeganistão por causa da questão indígena. Ao ler a matéria, fiquei até com medo de uma bomba de George W. Bush cair sobre minha cabeça a qualquer momento.

Tentando apelar para um romance barato, a dupla de jornalista coloca com todas as letras que os migrantes banguelas que por aqui aportam vão encontrar a terra prometida. Bastam chegar aqui e vão ganhar logo-logo uma casa do governo e receber um cargo comissionado. E pronto.

Como um bom roraimense, descendente de Macuxi e Wapixana, também não deixei de me indignar com esse retalho que a matéria da Época fez de nós, repetindo jargões de pessoas que nunca tiveram compromisso com esta terra.

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Coordenação Editorial: Bruce Albert (Assessor Antropológico CCPY) e Luis Fernando Pereira (Jornalista CCPY)


 

 

 


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