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Esta seção procura seguir toda a atualidade Yanomami no Brasil e na Venezuela. Apresenta notícias produzidas pela Pró-Yanomami (CCPY) e outras ONGs, bem como notícias de imprensa. Propõe também comentários sobre eventos, publicações, exposições, filmes e websites de interesse no cenário Yanomami nacional e internacional.

Yanomami na Imprensa

Data: 3 - Dezembro - 2001
Titulo: Os Yanomami na reunião anual da Associação Americana de Antropologia
Fonte: Relato de Lêda Martins

Antropólogos Americanos Voltam a Debater a Controvérsia sobre o livro Darkness in El Dorado

A reunião anual da Associação Americana de Antropologia (AAA), que reúne por volta de cinco mil antropólogos e este ano aconteceu em Washington entre os dias 28 de novembro e 2 de dezembro, voltou a ter discussões sobre os danos causados ao povo Yanomami por pesquisadores americanos, especialmente o antropólogo Napoleon Chagnon e o geneticista James Neel. Dois momentos principais foram marcados por debates sobre o assunto. Um foi a sessão em que a comissão El Dorado, criada pela associação para apurar as acusações feitas por Patrick Tierney no livro Darkness in El Dorado, apresentaram seu relatório preliminar. O documento, que havia sido colocado dias antes no website da AAA, recebeu severas críticas de diversos antropólogos presentes por não lidar em vários pontos importantes, como o impacto negativo que as teorias de Chagnon têm tido aos Yanomami, e por não responder diretamente a sérias questões éticas como, por exemplo, a falta de consentimento informado para a coleta de amostras de sangue entre os Yanomami. Um dos mais veementes antropólogos a questionar o documento foi Marshall Sahlins que defendeu a retirada do relatório do website da AAA – moção que havia sido aprovada anteriormente por unanimidade pela Sociedade de Antropologia da América Latina.

Após as discussões sobre o relatório, três moções foram aprovadas referentes ao assunto: 1. Que a AAA deve escrever uma carta de desculpas a ABA-Associação Brasileira de Antropologia por não ter publicado em seu jornal as respostas de membros da ABA (Bruce Albert e Alcida Ramos) a acusações feitas por Chagnon em 1989; 2. Que a comissão El Dorado deve tornar público todo o material coletado e usado na produção de seu relatório, tão logo o mesmo seja completado; 3. E que a AAA deve incentivar os programas de antropologia a terem cursos em ética profissional antes dos alunos fazerem pesquisa de campo. Havia uma quarta moção determinando que a associação americana enviasse uma carta ao governo brasileiro reiterando a importância e o apoio da AAA à demarcação da Terra Yanomami. Entretanto, tal moção foi retirada a pedido de Rubem Oliven, presidente da ABA, que achou a resolução inoportuna.

Mensagem de Davi Kopenawa sobre Amostras de Sangue Yanomami Chega a Reunião de Antropólogos Americanos  

O segundo, e talvez mais importante, momento de discussão sobre as conseqüências  para os Yanomami da controvérsia sobre Chagnon aconteceu na sessão organizada por Robert Borofsky, professor da universidade Hawai'i  Pacific, sobre o papel dos antropólogos em assuntos de interesse público. Davi Kopenawa foi convidado a participar desta sessão que incluia, entre outros palestrantes de renome, Ralph Nader, candidato pelo Partido Verde a presidência no ano passado. Davi resolveu não ir devido ao estado atual de tensão nos Estados Unidos e eu fui convidada a substituí-lo no debate. Um dia antes da sessão eu gravei uma mensagem de Davi para ser transmitida aos participantes. Davi explicou as razões de sua ausência e reafirmou sua intenção de fazer parte em reuniões futura sobre as alegações contidas no livro de Tierney e os danos causados aos Yanomami. A mensagem essencialmente dizia: "eu queria ir outra vez para falar sobre esse livro e para conversar sobre o sangue dos meus parentes que foi trazido para lá e que hoje estão guardando na geladeira. Eu queria saber o que é que eles querem fazer com esse sangue, para que eles guardaram. Mas eu não quero ir só falar, eu quero decidir alguma coisa, quero que eles devolver o sangue para mim para eu levar para o Brasil e derramar o sangue no rio para o espírito do xapori ficar alegre". Complementando as palavras de Davi, eu falei das expedições de Neel e Chagnon para coletar amostras de sangue, repassei o que alguns líderes Yanomami me disseram em entrevistas feitas em maio passado sobre as informações distorcidas que envolveram a extração do sangue e ressaltei alguns dos problemas éticos contidos nas ações do Chagnon e Neel. A maioria do público não tinha ouvido falar das amostras de sangue e muito menos que isso é um dos assuntos mais importantes para os Yanomami nesta controvérsia.

Nancy Scheper-Hughes decidiu deixar de lado o tema de sua palestra e resolveu reforçar a discussão sobre a questão ética da ausência do consentimento informado dos doadores Yanomami para as pesquisas que foram e estão sendo feitas com o sangue deles. Ela também condenou o fato de que a associação americana e a comissão El Dorado ainda não tomaram nenhuma posição neste assunto. Scheper-Hughes sugeriu aos participantes que fizessem um abaixo-assinado pedindo a devolução imediata aos Yanomami das amostras de sangue, que hoje estão armazenadas na universidade da Pennsilvania. O público demonstrou interesse em receber mais informações e apoiar os Yanomami no caso do sangue coletado.  O abaixo-assinado foi entregue ao coordenador da sessão Robert Borofsky.

Na semana passada, a associação de antropologia retirou do website o relatório preliminar sobre as acusações contra Chagnon e outros pesquisadores.

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Coordenação Editorial: Bruce Albert (Assessor Antropológico CCPY) e Luis Fernando Pereira (Jornalista CCPY)


 

 

 


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