As Organizações Não-governamentais
(Ongs) que prestam atendimento de saúde nas áreas indígenas Yanomami temem não
poder oferecer as mesmas condições de trabalho em 2002 por causa da redução
na ordem de R$ 3 milhões no orçamento do Ministério da Saúde destinado aos convênios
do Distrito Sanitário Yanomami.
O orçamento do ano
passado para essa finalidade foi de R$ 14 milhões. Para este ano, a previsão
é que seja reduzido para R$ 11 milhões. Para discutir este assunto, o Conselho
Distrital Yanomami do Estado realizará nos dias 17 e 18 de janeiro uma reunião
entre as Ongs que trabalham nessa área, juntamente com Funasa. A intenção é
que as instituições cheguem a um acordo sobre os valores. Conforme especulações
feitas pela Diocese, que mantém Ongs trabalhando em quatro pólos-base, o valor
do convênio deverá ser reduzido de R$ 2,1 milhões, verba de 2001, para R$ 1,65
milhão.
Segundo o coordenador
de saúde indígena da Diocese, Renato Lang, caso seja realmente esse o valor
do convênio para este ano será inviável oferecer atendimentos aos índios nos
mesmos níveis que vêm sendo desenvolvidos atualmente. Ele explicou que o recurso
não daria para manter a qualidade do atendimento porque os preços de medicamentos
e combustíveis, por exemplo, são dolarizados e estão sujeitos a reajustes a
qualquer momento. “Estamos trabalhando na perspectiva de que não haja a redução”,
disse.
Já a Urihi, que atende
uma população de aproximadamente seis mil índios yanomami, o que representa
56% da etnia, não fez nenhuma especulação de quanto deverá ser a redução do
valor de seu convênio, mas garantiu que deverá enfrentar sérios problemas para
oferecer o mesmo atendimento.“A gente ainda não está fazendo o ideal, mas já
conseguimos hoje dados incomparáveis na saúde indígena. Tem lugares, por exemplo,
que há três meses não apresenta um caso de malária. Isso nunca aconteceu dentro
da área yanomami”, ressaltou o administrador da Urihi, Luís Eustórgio.
Ele destacou ainda
que caso o orçamento seja menor, uma das primeiras medidas a ser tomada pela
Ong será reduzir o número de profissionais. Além disso, Eustórgio comentou que
mesmo que haja redução na verba destinada ao convênio com a Funasa, não será
possível ser realizado algum investimento em infra-estrutura como reforma dos
postos de saúde.
“Devemos continuar
fazendo a mesma atenção básica, mas precisaremos de no mínimo o mesmo orçamento
do ano passado”, informou, lembrando que para realizar os trabalhos de 2001
a Urihi recebeu uma verba no valor R$ 6,5 milhões.