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Esta seção procura seguir toda a atualidade Yanomami no Brasil e na Venezuela. Apresenta notícias produzidas pela Pró-Yanomami (CCPY) e outras ONGs, bem como notícias de imprensa. Propõe também comentários sobre eventos, publicações, exposições, filmes e websites de interesse no cenário Yanomami nacional e internacional.

Yanomami na Imprensa

Data: 20 - Fevereiro - 2002
Titulo: Estudos de Tuberculose e Helicobacter Pylori entre os Yanomami
Fonte: Memorandum enviado à Comissão Pró-Yanomami

Durante o ano de 1992, realizou-se um estudo epidemiológico sobre um surto de tuberculose que então alastrava na Reserva Yanomami no Brasil. O projecto nasceu de uma colaboração entre o Laboratório de Micobacterioses do INPA em Manaus, chefiado pela Dra. Júlia Salem, e o Laboratoire des Mycobcatéries do Instituto Pasteur em Paris, chefiado pelo Dr. Hugo David, onde eu na altura trabalhava.

Tive o prazer e a honra de ter sido convidada pelo INPA a levar a cabo esse estudo na Reserva Yanomami, Sector do Marauia (Norte de Santa Isabel), onde foram recolhidas cerca de 600 amostras de soro em cinco aldeias da região. Os resultados deste trabalho foram publicados na revista científica PNAS: A.O. Sousa, J.I. Salem, F.K. Lee, M.C. Verçosa, P. Cruaud, B.R. Bloom, P.H. Lagrange, H.L. David "A new epidemic of tuberculosis with a high rate of tuberculin energy among a population previously unexposed to tuberculosis, the Yanomami Indians of the Brazilian Amazon" in Proc of Nat Acad Sci USA, 94:13227-13232 (1997). As conclusões do estudo mostram a existência de uma epidemia de tuberculose muito grave, com uma prevalência de 6,4%, resposta muito reduzida à intradermo-reacção com PPD-RT23, e títulos de anticorpos específicos de M. tuberculosis muito elevados.

O tratamento adequado da populacão foi imediatamente providenciado pela FUNAI juntamente com as equipas de saúde locais e a ajuda de um enfermeiro voluntário residente na Reserva. Este estudo serviu igualmente para alertar as autoridades sobre a gravidade da epidemia de tuberculose na região. Uma proposta de continuação do trabalho de saúde pública na região, e para melhor compreender este fenómeno biológico aparentemente singular, foi apresentada à OMS em Genebra. A iniciativa foi, no entanto, rapidamente abortada devido aos dramáticos acontecimentos locais e como consequência da interdição de qualquer permanência na zona a equipas de saúde.

Uma equipa da Universidade de Emory em Atlanta (USA) realizou recentemente um estudo sobre a presença de Helicobacter pylori (Hp) entre populações indígenas da Amazonia. Em 1993 e 1994, investigadores desta equipa tinham colaborado no estudo sobre tuberculose, e parte dos soros recolhidos entre os Yanomami que não tinham sido totalmente utilizados na primeira investigação foram na altura armazenados no frio neste laboratório.

Há cerca de um ano, fui contactada pela equipa de Atlanta para saber se poria alguma objecção em que o restante dos soros fosse utilizado no estudo sobre Helicobacter pylori então em curso. Foram utilizados neste estudo soros recolhidos em cerca de 22 aldeias de Indios (brasileiros e venezuelanos), incluindo 5 aldeias Yanomami. Os resultados mostram que cerca de 92% da população é seroprevalente. Este trabalho foi submetido para publicação por Lisa-Gaye E. Robinson et al. à revista científica Journal of Infectious Diseases sob o título "Helicobacter pylori and Indigenous Peoples of the Amazon".

Apesar da seropositividade ao Hp não significar que a infecção esteja activa, penso ser importante chamar a atenção das competências locais para este fenómeno. As infecções por H. pylori podem nalguns casos conduzir a gastrites crónicas, mesmo úlceras gástricas ou, em casos extremos, a problemas do foro oncológico. A prevalência encontrada na população não deve, portanto, ser negligenciada. O tratamento com antibióticos é recomendado nos casos de doença activa, e os resultados do estudo aqui referido são apenas serológicos, indicando que existe infecção mas não se esta é activa ou passiva.

Penso ser indicado:

1)Alertar as equipas de saúde locais para a possibilidade de diagnosticar infecções activas de Hp em casos de sintomas de gastrites crónicas;

2) Confirmar o diagnóstico com um teste de ureia ou análises de fezes positivas para Hp;

3) Tratar doentes com infecção de Hp activa - o tratamento antibiótico de primeira linha possui uma eficácia de 85-90% e consiste num regime combinado de três drogas (omeprazole, amoxicilina e claritromicina) durante 10 dias.

Estou evidentemente à vossa disposição para mais esclarecimentos. Assim que este estudo for publicado mandarei copias prontamente.

Atenciosamente,

Alexandra de Sousa (*)

(*) MD PhD
The Rockefeller University 212-327-7092 (Laboratory)
1230 York Avenue, Box 21 212-327-7083 (Fax)
New York, NY 10021-6399 desousa@rockefeller.edu

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Coordenação Editorial: Bruce Albert (Assessor Antropológico CCPY) e Luis Fernando Pereira (Jornalista CCPY)


 

 

 


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