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Notícias CCPY Urgente
Data: 19 - Janeiro - 2000
Titulo: ONG é criada para ampliar assistência sanitária aos Yanomami
Fonte:
CCPY - Comissão Pró-Yanomami, Boletim 1
A Fundação
Nacional de Saúde (Funasa) está descentralizando a assistência à saúde das 37
regiões da Terra Indígena Yanomami, na
fronteira Brasil - Venezuela. Desse
total, 12 regiões ficarão sob responsabilidade da Urihi – Saúde Yanomami,
organização- não-governamental especialmente criada para esse fim, que contará
com verba do Ministério da Saúde na ordem de R$ 6,5 milhões. O convênio já está
em andamento e terá validade de 15 meses, prorrogáveis. A nova organização
prestará atendimento médico a 6.159 índios (mais da metade da população
yanomami do Brasil). As demais regiões receberão atendimento por parte de
outras organizações (ONGs, missões) ou continuarão sob coordenação direta da
Funasa.
A Urihi-Saúde
Yanomami foi criada por membros da
CCPY (Comissão Pró-Yanomami), que há 20 anos desenvolve projetos com a etnia e
há seis vinha administrando, com recursos de convênios firmados junto à Fundação
Nacional de Saúde, três postos de saúde dentro da Terra Indígena Yanomami
(Demini, Toototobi e Parawaú). Essa experiência positiva permitiu que o
Ministério da Saúde convidasse a nova entidade para assumir a administração de
mais nove regiões (Catrimani, Ajarani, Homoxi, Xitei, Surucucu, Xiriana,
Parafuri, Tukuxim e Auaris). A Urihi-Saúde Yanomami é uma ONG brasileira
sem qualquer vínculo administrativo ou político com outra organização dentro ou
fora do País.
A iniciativa
governamental faz parte do processo de criação dos Distritos Sanitários
Especiais Indígenas (DSEI) que visa reverter o preocupante quadro de
assistência à saúde indígena no país. No caso da Terra Indígena Yanomami em
particular, a situação sanitária é grave há alguns anos. Segundo relatório
divulgado em julho de 1999 pelo Serviço de Epidemiologia da FUNASA de Roraima,
70,4% dos óbitos na área foram por falta de atendimento médico. Caso houvesse
vacinação adequada na área indígena, salienta também o relatório, metade dessas
mortes teriam sido evitadas.
Do montante
total a ser repassado, a Urihi-Saúde Yanomami já recebeu R$ 1,5 milhões,
com os quais está implementando uma reorganização na estrutura de saúde nas
regiões que ficaram sob sua responsabilidade. Dos 92 profissionais contratados
temporariamente pela antiga gestão, 15 foram mantidos com contratos de trabalho
fixo e outros 70 novos profissionais foram selecionados para ocuparem vagas de
médicos, odontólogos, enfermeiros e auxiliares dentro da área indígena. Após um
período de três meses de transição, dedicados a contratação e formação dos
novos profissionais e implementação de uma nova estrutura
logística/administrativa, a URIHI começou a partir do último dia 15 de dezembro
a prestar assistência sanitária direta nas 12 regiões. A entidade priorizou
profissionais de Roraima no processo de seleção.
O contrato
prevê ainda que a organização treinará agentes Yanomami de saúde. Três Yanomami
dos postos de Demini, Toototobi e Parawaú
(Joseca Yanomami, Pipiu Yanomami e Abraão Yanomami) já foram treinados
no quadro da CCPY e obtiveram certificado oficial da Funasa para microscopia de
malária, exercendo hoje a atividade de microscopista dentro da área indígena.
Este dispositivo de formação de quadros indígenas será ampliado a nível das
nove outras regiões atendidas pela Urihi Saúde Yanomami.
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Coordenação Editorial:
Bruce Albert (Assessor Antropológico CCPY) e Luis Fernando Pereira (Jornalista CCPY)
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