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Notícias CCPY Urgente
Data: 19 - Janeiro - 2000
Titulo: Mortalidade Yanomami era em 1999 duas vezes maior que a do resto do País
Fonte:
CCPY - Comissão Pró-Yanomami, Boletim 1
O Serviço de
Epidemiologia da FUNASA de Roraima divulgou em 25 de julho de 1999 um relatório
apontando que apenas 20,6% dos índios Yanomami que morreram no ano passado
tiveram assistência médica. O documento, que levantou as condições de saúde de
30 mil índios no Estado, abrangendo todas as etnias locais, mostra que a
incidência de doenças como tuberculose, malária, pneumonia e coqueluche era
muito alta.
O índice de
mortalidade infantil entre os yanomamis era também alarmante: 141 mortes por
mil pessoas, dez vezes maior que os números registrados em bolsões de miséria
da população branca, atendidas pela Pastoral da Criança, que é de 13,7 óbitos
por mil (fonte: Agência Estado
25/07/99).
Segundo dados
da Urihi Saúde Yanomami, também de julho de 1999, a média do coeficiente
de mortalidade geral entre os Yanomami nos últimos anos foi de 14,4 por mil
pessoas, enquanto a média do Brasil não passa de 6,0. Ou seja, o risco de
morrer para os Yanomamis é até hoje 2,4 vezes maior do que para o resto da
população brasileira. A situação foi especialmente grave em 1998, chegando a
20,4 por mil, nível igual a países como Angola, Uganda e Afeganistão (fonte:
WHO Report 1996).
Tais números
mostram a falência da gestão anterior do atendimento sanitário na área
Yanomami, empreendido diretamente pelo Estado, na qual a responsabilidade pela
saúde indígena passou da Fundação Nacional do Índio (FUNAI) para a antiga
Fundação Nacional de Saúde (FNS), permitindo o surgimento de todo tipo de
problemas causados por burocracia e corrupção, sem que as estatísticas
sanitárias e demográficas melhorassem (fonte: Jornal Brasil Norte
20/08/99).
Já as
parcerias com ONGs têm alcançado resultados mais satisfatórios. Exemplo disso é
o convênio, celebrado entre a CCPY e a Funasa (ex FNS) entre 1995 e 1999, no
qual três regiões da Terra Indígena Yanomami (Demini, Toototobi e Parawaú) eram
atendidas permanentemente pela equipe da CCPY, com recursos da Funasa. A
parceria garantiu redução da incidência de malária, redução dos coeficientes de
mortalidade (infantil e geral), crescimento populacional acumulado de 22% nos últimos seis anos e cobertura vacinal de
93%. Foi se baseando nestes resultados que a Funasa convidou a Urihi - Saúde
Yanomami para assumir o projeto de assistência ampliado para 12 regiões.
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Coordenação Editorial:
Bruce Albert (Assessor Antropológico CCPY) e Luis Fernando Pereira (Jornalista CCPY)
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