Esta seção procura seguir toda a atualidade Yanomami no Brasil e na Venezuela. Apresenta notícias produzidas pela Pró-Yanomami (CCPY) e outras ONGs, bem como notícias de imprensa. Propõe também comentários sobre eventos, publicações, exposições, filmes e websites de interesse no cenário Yanomami nacional e internacional.

Data: 21 - Junho - 2002
Titulo: Servidor é acusado de engravidar índia
Fonte: Folha de Boa Vista

O servidor da Funai (Fundação Nacional do Índio), H.C.S., está sendo acusado de ter engravidado a indígena C. X., da etnia Yanomami, que mora no baixo Mucajaí. A denúncia contra o funcionário foi feita pelos índios Peri Xirixana e Rui Xirixana, que o acusam também de manter relações sexuais com outras índias.

Segundo informações de agentes de saúde, a índia está com ameaça de aborto. A denúncia de suposto envolvimento foi confirmada por telefone pelo administrador da Funai, Martinho de Andrade Júnior. Segundo ele, o órgão indigenista já tomou providência e abriu uma sindicância para apurar os fatos. “Caso seja comprovada a denúncia, o servidor será punido com rigor. Vamos inclusive encaminhar o fato para o Ministério Público Federal e Ministério Púbico Estadual para que seja aberto inquérito policial”, disse o administrador, ao ressaltar que não poderia dar mais detalhes sobre a sindicância. O servidor H.C.S. trabalha há anos na Funai e, segundo informações apuradas pela Folha, uma servidora da Funasa (Fundação Nacional de Saúde) foi assediada por ele dentro da área indígena, fato que a teria levado a registrar queixa na polícia.Quando era questionado sobre o relacionamento com as índias, H.C.S. justifica que ele pode manter relações sexuais porque também é índio, segundo informaram agentes de saúde que trabalham naquela área. No relatório do pólo Baixo Mucajaí consta que a filha da índia K. X., de 5 anos, viveu um período em Boa Vista na companhia de H.C.S.. Depois de um tempo, não se sabe por qual motivo ela retornou para a maloca para junto da mãe. Os agentes de saúde afirmam que H.C.S. costuma disponibilizar gêneros alimentícios para a menina indígena e que essa prática tem atrapalhado o trabalho dos agentes, já que os índios ficam mal-acostumados. Esses benefícios também se estenderiam a outras índias, sendo que jovens.

O conjunto desses fatos foi que levou esses dois indígenas a denunciarem na reunião do Conselho Distrital, em março deste ano, uma vez que a atitude de H.C.S. estava sendo vista pelos índios como comprometedora.

Segundo o relatório, no início os índios silenciaram porque recebiam algumas benesses, como, por exemplo, farinha de mandioca e materiais para pesca, como linha e anzol, e ferramentas de trabalho.

(Editorial – Marilena Freitas)