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Um
programa de educação, iniciado em julho de 1995, baseado na diferenciação,
interculturalidade, bilingüismo e especificidades, com o objetivo de promover
a manutenção da autonomia sócioeconômica e
cultural do povo Yanomami e, conseqüentemente, habilitá-lo a lidar
com as políticas, atividades e ações dos “brancos”, que interferem na sua vida
e em seus territórios. Assim é o Programa de Educação
Intercultural-PEI, coordenado pela CCPY,
que atualmente envolve cerca de 720 índios nas regiões do Demini, Toototobi
e Parawau,alcançáveis só por via aérea, de avião monomotor. O processo de
alfabetização desenvolve-se de modo interdisciplinar.
Português e matemática não são as únicas disciplinas ministradas
pelo PEI. Geografia, história, saúde, educação ambiental e cidadania – conceitos, Estatuto dos Povos
Indígenas e projeto de Lei 1610, sobre mineração em áreas indígenas – constituem
a sua grade curricular. O português é ensinado como segunda língua. O programa
também está formando professores Yanomami, com quem ficará a responsabilidade
de prosseguir os cursos,
futuramente.
Cinco professores, um coordenador e o consultor antropológico,
Bruce Albert (IRD - ISA) formam a equipe da CCPY, que coordena o programa. Os
microcopistas do programa de Saúde, promovido pela Urihi, também freqüentam
os cursos intensivos de português do
PEI. Eles ficam dois meses em área e
um mês em Boa Vista, onde estão elaborando
o material didático, que será utilizado
nos próximos meses, na expansão do programa.
Aproximadamente
55 alunos constituíram a primeira turma, composta por jovens a partir de 10
anos, do Demini, em 1996.
Quatro jovens do Toototobi e um do Parawau foram enviados ao programa,
por decisão de uma assembléia dos antigos.
Em 1997, esses cinco jovens tornaram-se os primeiros professores Yanomami
do PEI, ao retornarem às suas malocas, iniciando o processo de alfabetização
em suas aldeias. Nos 5 anos de existência do PEI, tivemos noventa e um jovens alfabetizados e seis cursos
com os professores Yanomami foram realizados. Atualmente, quinze Yanomami estão
participando do curso de formação de professores, freqüentando cursos intensivos
de língua portuguesa no Centro de Treinamento da CCPY, em Boa Vista. Esses quinze
Yanomami já estão ministrando o curso de alfabetização nas escolas das aldeias.
Atividades de imersão cultural fazem parte desses cursos e se constituem
de visitas a bibliotecas, prefeitura, aterro sanitário público, cadeia pública,
cemitérios, Eletronorte, transmissoras de televisão e de rádio. Um curso de
quinze dias sobre metodologias de alfabetização foi realizado, recentemente
– no período de 22/4 a 10/5 -, e contou com a colaboração da pedagoga Cristina
Troncarelli.
A CCPY está empenhada em expandir
ao máximo o PEI, nos próximos meses, devido a proximidade do exame pelo Congresso
Nacional do Estatuto dos Povos Indígenas e do PL-1610. Os yanomami devem estar
preparados para enfrentar estes dois assuntos, especificamente, o mais breve
possível. Em termos de exploração mineral, a área Yanomami é hoje a que tem
o maior número de solicitações de empresas mineradoras junto ao Departamento
Nacional de Produção Mineral-DNPM.
Para atingir este objetivo, a
coordenação do PEI está elaborando material didático em Yanomae, cuidadosamente
adaptado à realidade Yanomami, que será distribuído nas aldeias. São cadernos de alfabetização, matemática,
etnohistória, educação para a saúde, cadernos de leitura, etc. Além desses,
dois cadernos de alfabetização em yanomae estão sendo impressos, atualmente,
e alunos do programa estão produzindo jornais para cada região. “O ânimo demonstrado
pelos Yanomami em relação ao programa é muito gratificante”, declara Marcos
Oliveira, coordenador do PEI. Para ele, o segredo do sucesso do programa é o entusiasmo
dos Yanomami e a vontade de aprender coisas novas.
O PEI iniciou
suas atividades na aldeia Demini, no início de julho de 1995, com o apoio do
UNICEF. A partir de 1998, passou a contar com o apoio financeiro das organizações
não governamentais norueguesa, Fundação Rainforest/OD
Expansão do programa
Em 1999, o programa
também contou com o apoio da Survival International e do MEC - Ministério da
Educação. O Earth Love Fund (da Grã-Bretanha) e Unicef também já apoiaram o
projeto no passado. Os recursos obtidos
pelo PEI são da ordem de U$ 215,000.00 para o ano 2000.”
Yanomami na formação
de professores
Dário Vitório Watoriki theri · Daniel Watoriki theri · Keni Okarasipiu their · Aripio Kokoiu their · Sanimao Kokoiu their · Sidinei Kokoiu their · Josias Apiahiki their · Lourenço Piau their · Arnaldo Piau their · Ivan Parawau their · Turiu Parawau theri · Moquinha Parawau their · Romeu uxiximapiu theri · Joãozinho Wanapiu theri · Paulo Weyukuwei theri
Professores
do PEI
Clenir
Louceiro · Eliane Bastos · Lídia Montanha
Castro · Ludian Bentes da Silva
· Luis Fernando
Pereira · Marcos Oliveira (coordenador)
· Simone de Cássia Ribeiro
Consultoria antropológica
Bruce Albert
(IRD - ISA)