Diálogo
de 12.000 anos
São três momento e 12,000 anos de história que esta mostra enfoca captando
um outro mundo/ o mundo do outro. Um desses momentos refere-se a visão fotográfica
de pinturas rupestres de Lagoa Santa em Minas Gerais e do Alto Alegre no Pará.
O imaginário de seres humanos que viviam em terras que hoje fazem parte do Brasil.
São homens e bichos representados nas pinturas, provavelmente por uma primeira
leva de seres humanos no continente americano. Na exposição as pinturas rupestres
dialogam com uma série de outras imagens, produção recente dos yanomami, desenhadas
com carvão de lenha em paredes de uma casa abandonada na selva amazônica e fotografadas
por Claudia.
Entre os desenhos de gente, pássaros e peixes encontra-se um helicóptero
- ave/maquina, identificada pelos yanomami como uma espécie de beija-flor. Num
primeiro momento da história yanomami, nos anos 80, a ave/máquina foi asscoiada
à invasão das terras, pois trazia consigo epidemias e morte, com sua barriga
prenhe vomitando hordas de garimpeiros; num segundo momento passou a significar
a vida, pois trazia as equipes que vinham salvá-los.
Claudia enfoca as pinturas rupestres como primeira expressão artística
do ser humano desse continente, na qual o homem tornou-se homem exercitando
o seu entendimento do mundo. Nas paredes de uma missão abandonada, o registo
da fotografa , quis mostrar como o homem índio exercitou sua imaginação, em
forma de "grafitagem", misturando imagens do mundo animal e a letras
do alfabeto introduzido pela ação missionária fundamentalista com o intúito
de salvar a alma do índio e de civilizá-lo através da leitura da bíblia. Com
o abandono da missão a "escrita", que tornou-se representação simbólica
do imaginário yanomami para incorporar-se ao repertório artístico do seu mundo.
Na sombra das
Luzes
A parte da exposição intitulada "Na Sombra das Luzes" representa
literalmente uma série de 21 imagens horizontais de um metro e meio por noventa
centímetros de altura, suspensas na sala redonda de exposição no primeiroandar
do MIS por cabos de aço em réplica de uma casa comunitária yanomami. Nesta,
os painéis trançados com palha de palmeira -, uma espécie de "brise soleil"
no interior da maloca tem a função de criar sombras para proteger os núcleos
familiares do sol e calor. Na mostra do MIS os paineis são substituidos por
fotografias com intervenções de luzes que cria a monocromática cor de sepia
nas imagens.
As 21 imagens representam a multiplicidade de situações que compõe a vida
e paisagem yanomami hoje, desde o índio repousando na rede durante a caçada
comunitária, em plena vida tradicional, a imagens de doentes e a foto de um
belo rosto feminino yanomami, que através da maquiagem transforma-se numa ocidental
de gosto duvidoso, seguindo exemplo das mulheres "da vida" a rodar
os acampamentos garimpeiros dentro da reserva indígena.
A exposição fica
em cartaz até 11 de junho.