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Novo curso de formação de professores yanomami contempla temas ligados à saúde

Constatado novo foco de transmissão de malária na área yanomami
Suicídio e Alcoolismo entre os Sanuma

Novo curso de formação de professores yanomami contempla temas ligados à saúde

Teve início mais um curso de formação dos professores yanomami promovido pela CCPY. Em sua sexta edição, o curso terá o tema Saúde como eixo norteador para as disciplinas de Ciências Naturais, Direito Indígena, Antropologia, Pesquisa Etnográfica e Pedagogia. Segundo Lídia Montanha de Castro, coordenadora do programa de educação intercultural da CCPY, um dos objetivos deste curso é fomentar a criação de estratégias para o pleno envolvimento das comunidades nas questões referentes à saúde.

Para tanto, durante o curso serão promovidas discussões sobre concepções de saúde e doença e o impacto das situações de contato na saúde yanomami. A estrutura do Sistema Único de Saúde (SUS) será outro tópico a ser desenvolvido, com ênfase no funcionamento dos Distritos Sanitários Especiais Indígenas (DSEI). Participam do curso 30 professores oriundos das áreas do Demini, Toototopi, Parawau, Alto Catrimani, Homoxi, Papiu, Kayanau e Auaris, além de 10 lideranças que também atuam nas discussões referentes ao desenvolvimento e implantação de políticas pedagógicas das escolas yanomami.

As disciplinas serão ministradas pelos assessores da CCPY e por consultores externos, como a bióloga Eliane Bastos, o advogado Ubiratan Souza Maia, do Conselho Indígena de Roraima, e os antropólogos Gustavo Menezes, da Funai, e Silvia Guimarães, ligada à Universidade de Brasília (UnB). Durante as tardes de sábado serão realizadas oficinas de arte com Rosângela Duarte, professora de Arte e Educação da Universidade Federal de Roraima (UFRR) e coordenadora do programa Arte BR.

Na abertura do curso, realizada no dia 7 de novembro, estiveram presentes representantes de diversas entidades e instituições: pela Organização dos Professores Indígenas de Roraima (OPIR), Telmo Ribeiro Paulino; representando a Secretaria de Educação, Cultura e Desportos de Roraima (SECD/RR) e seu Núcleo de Educação Indígena, Estevam de Sauza e Leicilda Peres Peixoto; pela Fundação Nacional de Saúde (Funasa), a coordenadora do Distrito Sanitário Yanomami (DSEY), Fátima Maria do Nascimento, o antropólogo Moisés Ramalho, o enfermeiro Meli João, e Maurício Caldart, do núcleo de captação de Recursos Humanos; e Andréa Lamberts, representante do Instituto Brasileiro do Meio-Ambiente (Ibama). O curso ocorre no salão São Vito, na Igreja Aparecida, em Boa Vista, Roraima, e segue até o dia 10 de dezembro. > subir


Constatado novo foco de transmissão de malária na área yanomami

Aumento da ocupação da zona rural do município de Barcelos (AM) influi no alastramento da malária na área yanomami. Povoamentos e sítios próximos aos limites da terra indígena servem como porta de entrada para a malária oriunda da cidade. Informações são do médico-sanitarista Oneron de Abreu Pithan, da Fundação Nacional de Saúde (Funasa), que realizou viagem pela bacia do rio Demini, afluente do rio Negro, e proximidades. A investigação se deu após o abrupto crescimento no número de casos da doença entre os Yanomami na região do Amazonas (ver Boletim 68), em áreas próximas ou que mantêm algum tipo de contato com habitantes do município, como a do Aracá, onde foram registrados dois óbitos decorrentes da malária no mês de setembro.

Uma comunidade evangélica situada no baixo rio Demini foi identificada como um dos focos de transmissão da doença. “Foi justamente ali, numa comunidade chamada Bacabal, antes do Ajuricaba, que vimos a quantidade de casos de malária. Os Yanomami iam até lá, uma comunidade evangélica de 20 pessoas, sendo que cada uma dessas pessoas pegou, em média, sete malárias. Tivemos, então, 150 casos”, afirmou Pithan. Uma família do Bacabal seguiu, então, para o Ajuricaba, onde após permanecer por uma semana, acabou espalhando a malária. “Um grupo do Aracá, chefiado por Moraes, chegou em seguida ao Ajuricaba e, ao retornarem a suas roças no Jutaí, levaram a malária que há anos não atingia a população local”.

Outro foco de transmissão da malária constatado pelo médico é a região próxima à cachoeira do Aracá, também no estado do Amazonas, antigo ponto de trabalho de piaçabeiros com os quais os Yanomami da região travam contato freqüente.

A constatação de outras vias de acesso da malária em área yanomami, entre as comunidades do alto rio Demini, abre novas perspectivas para ações de prevenção e combate à doença, cuja origem era apontada por muitos, até então, como presente nas constantes locomoções e contatos entre comunidades indígenas dos dois lados da fronteira entre Brasil e Venezuela. > subir


Suicídio e Alcoolismo entre os Sanuma *

Atualmente, o suicídio é o problema que mais preocupa os Sanuma, já que as ocorrências aumentaram concomitante a um aumento de ingestão de bebida alcoólica (o caxiri), principalmente no ano de 2004. Trata-se de um problema muito recente: em 2005, houve um caso; em agosto desse ano, dois casos; e em setembro, houve mais um. Além desses casos consumados, ocorreram várias outras tentativas, frustradas devido às ações da equipe de saúde e dos próprios Sanuma. Esse problema atinge principalmente os jovens, aparentemente devido a conflitos e brigas com os pais, discussões conjugais e até mesmo desilusões amorosas.

Os suicídios já vinham ocorrendo entre os Ye´kuana – vizinhos dos Sanuma, falantes de língua do tronco Carib - há alguns anos. Praticam o suicídio principalmente com a ingestão de uma espécie de timbó ou por enforcamento. Essa espécie de timbó foi trazida das terras do povo Pemon da Venezuela. É uma espécie extremamente nociva. Segundo eles, esse timbó mata jacarés, cobras e peixes de grande porte. Um homem que ingere a raiz desse timbó geralmente sobrevive por cerca de uma hora.

Esse timbó existe em abundância nas roças dos Ye´kuana localizadas próximas à pista de pouso e na parte mais populosa da região. Os Sanuma buscam freqüentemente esse timbó para se suicidar. Não há casos de enforcamentos.

O Programa de Educação Intercultural da CCPY, por meio dos próprios professores sanuma, busca discutir o problema do suicídio dentro da escola. No dia 13/09, a OMIR – Organização das Mulheres Indígenas de Roraima – realizou uma palestra para os Sanuma abordando os problemas do suicídio e do alcoolismo. Foi uma das primeiras experiências com o intuito de discutir e minimizar esses problemas.

Informações da assessora da CCPY em Auaris, Clarisse do Carmo Jabur.> subir


Boletim Pró-Yanomami Nº 71 - Fechamento: 14/11/2005
Coordenação Editorial: Alcida Rita Ramos, Bruce Albert, Jô Cardoso de Oliveira
Redação: Luis Fernando Pereira


 

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