A sétima
etapa do programa Yarapiari de formação de professores yanomami
promovido pela CCPY se encerrou em 17 de junho. Durante um mês de
trabalho contínuo 36 professores indígenas (30 já
participantes antigos da formação e seis novos) se debruçaram
sobre materiais das disciplinas de Língua Portuguesa, Pedagogia
e Antropologia, ministradas nas dependências do Pelotão Especial
de Fronteira de Auaris, na Terra Indígena Yanomami (TIY), estado
de Roraima, próximo à fronteira com a Venezuela. Objetivo
comum aos três módulos disciplinares foi o de desenvolver
novas práticas de ensino e aprendizagem que instrumentalizem os
docentes no sentido de defender a educação escolar yanomami
como construída até o momento.
O módulo
de Língua Portuguesa, ministrado pelo assessor da CCPY Helder Perri
Ferreira, teve como objetivo principal o aperfeiçoamento do estudo
da língua portuguesa, até então trabalhada em experiências
vivenciais de intercâmbio, principalmente nas terras indígenas
do leste de Roraima e nos demais cursos de formação. Para
tanto foram utilizados materiais específicos produzidos pelo programa
de educação, como o Dicionário de Verbos Português-Yanomami
e o livro de conjugações dos verbos, além daqueles
produzidos em outros contextos educacionais, como o Caderno de Reflexão
do Professor Indígena, da Comissão Pró-Índio
do Acre.
Os trabalhos
do módulo de Pedagogia, sob os cuidados da coordenadora do Programa
de Educação Intercultural (PEI) Lídia de Castro,
voltaram-se para a importância do Projeto Político Pedagógico
(PPP) das escolas indígenas, principal instrumento para garantir
a elaboração de uma educação escolar diferenciada.
Durante esse módulo, as propostas iniciais foram revistas e aperfeiçoadas.
O último
módulo, de Antropologia, sob os cuidados da assessora da CCPY Clarisse
Jabur, teve como foco o estudo das teorias sobre as raças formadoras
do Brasil. Retomando elementos de cursos anteriores, os trabalhos tiveram
início com as histórias distintas das três raças
descritas nessas teorias, ponto de partida para a análise de dados
demográficos e informações sobre desigualdade social.
Durante o módulo, foi incentivada uma pesquisa entre os Yekuana,
população indígena que também vive na região,
que serviu como mote para a discussão e questionamento de idéias
mais cristalizadas sobre cultura.
Durante
o curso, novas discussões sobre os encaminhamentos para a aprovação
do projeto de lei que permitirá mineração em terras
indígenas levaram à elaboração de um documento,
encaminhado ao governo federal (ver
Boletim
86).