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Notícias CCPY Urgente
Data: 23 - Janeiro - 2006
Titulo: Em 2005 casos de malária aumentaram em cerca de 164% na Terra Indígena Yanomami
Fonte:
CCPY – Comissão Pró-Yanomami, Boletim nº 75
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Em
2005 casos de malária aumentaram em cerca de 164% na Terra Indígena
Yanomami
A despeito
da retórica oficial e da multiplicação de reuniões
e conferencias de saúde organizadas pela Fundação
Nacional de Saúde (Funasa) em nível local e regional, a
malária continua a se grassar de maneira inquietante nas aldeias
da Terra Indígena Yanomami, confirmando às previsões
mais pessimistas baseadas nas constantes denúncias sobre a falta
de medicamentos e a precariedade dos serviços durante o ano de
2005 (ver Boletins Pró-Yanomami 60,
67,
68
71,
72
e 73).
A estratificação epidemiológica da malária
no Distrito Sanitário Yanomami em 2005 indica, assim, um aumento
de cerca de 164% no número de casos em relação ao
ano anterior.
Foram registrados
1.645 ocorrências de malária numa população
de um total de 15.686 pessoas na terra yanomami, contrastando com as 622
notificações de 2004, ano em que a Funasa retomou o atendimento
de saúde na área indígena (Julho). Deste total, 242
casos foram de malária Falciparum, forma letal da doença,
e 1.398 de malária Vivax; sendo as demais mistas. Até 2003,
quando foram notificados 418 casos em toda a área, a malária
vinha apresentado queda progressiva durante três anos consecutivos.
As comunidades
do rio Marauiá, afluente do rio Negro, no estado do Amazonas, foram
as mais atingidas pela malária em 2005: entre os 1.393 Yanomami
da região, registraram-se 471 casos, sendo 39 de malária
Falciparum e 432 de Vivax. Tanto esta região como as do Padauiri
(população de 761 pessoas com 216 casos de malária),
do Ajuricaba (população de 119 pessoas com 18 casos), e
do Marari ( 677 pessoas , 42 casos), são atendidas pela organização
não-governamental Serviço de Cooperação com
o Povo Yanomami (Secoya), conveniada com a Funasa. Avaliações
de representantes da ONG apontam como principais fatores para o agravamento
deste quadro os atrasos do repasse de verbas e a política centralizadora
da Funasa quanto à aquisição de remédios (ver
Boletim 68).
Nas áreas
atendidas por outra conveniada da Funasa, a Fundação Universidade
de Brasília (FUB), em Roraima, foram relacionados 508 casos de
malária, destacando os ocorridos na região do Parafuri (114
casos) cujas comunidades, que somam 355 pessoas, mantêm contatos
freqüentes com garimpeiros instalados há anos no local. A
FUB também atende três regiões no estado do Amazonas:
Demini, Balawaú e Toototobi, também fortemente atingida
pela malária (338 pessoas com 42 casos de Falciparum e 296 de Vivax).
Somente na região do Toototobi foram registrados 214 casos de malária
no período, com surtos agudos, como o ocorrido entre os dias 23
de outubro e 3 de dezembro, com 93 casos registrados (ver
Boletim 73).
Essas três regiões, situadas no alto rio Demini, afluente
do rio Negro, podem ter sido contaminadas também pela malária
oriunda de povoamentos próximos aos limites da Terra Indígena
Yanomami ocupados por moradores do município de Barcelos, Amazonas
(ver Boletim 71).
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Coordenação Editorial: Bruce Albert (Assessor Antropológico CCPY) e Luis Fernando Pereira (Jornalista CCPY)
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