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Notícias CCPY Urgente
Data: 30 - Março - 2006
Titulo: Interrogações Yanomami sobre a liberação de verba às conveniadas do DSY
Fonte:
Boletim Pró-Yanomami Nº 77
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Interrogações
Yanomami sobre a liberação de verba às conveniadas do DSY
A Fundação
Nacional de Saúde (Funasa) anunciou o liberação de R$ 4
milhões referentes ao pagamento das parcelas de convênio para as
prestadoras de serviço Distritos Sanitário Especial Indígena
Yanomami e Leste. Segundo informações publicadas pelo jornal Folha
de Boa Vista de 18 de março de 2006, a Fundação Universidade
de Brasília (FUB), responsável por 20 pólos base na Terra
Indígena Yanomami, onde atende cerca de 7 mil pessoas, receberá
R$ 1.396.798,48. Outras organizações que atuam junto aos Yanomami,
como a Diocese de Roraima, o Instituto Brasileiro pelo Desenvolvimento Sanitário
(IBDS) e o Serviço de Cooperação ao Povo Yanomami (Secoya)
contam, respectivamente, com os valores de R$ 207.580,00, R$ 200.000,00 e R$
212.000,00.
Segundo declaração
de Aurean Leal, administrador da Funasa-RR, concedida ao jornal Folha de Boa
Vista na mesma data, o considerável valor liberado para a FUB, sob investigação
do MPF em Roraima e do TCU, será destinado para o pagamento dos salários
dos meses de fevereiro e março de 2006, dos funcionários. A FUB
é responsável atualmente por 20 pólos-base de saúde
e atende uma média de sete mil índios yanomami. Os constantes
atrasos nos pagamentos dos funcionários de saúde contratados pela
FUB para atuar no DSY são a origem de constante protestos e movimentos
de greve desde os meados de 2005, desestruturando progressivamente o atendimento
em saúde aos Yanomami (Ver Boletins 60,
67,
68,
72,
73
e 75).
Davi Kopenawa,
presidente da Hutukara Associação Yanomami, expressou também
preocupação com o uso desse novo dinheiro enquanto os casos de
malária, que aumentaram 164% em 2005, continuam grassando na Terra Indígena
Yanomami (TIY) onde persiste uma crônica falta de remédios e equipamentos.
Segundo ele, até o momento, houve imenso desperdício das verbas
com a manutenção de automóveis utilizados exclusivamente
em Boa Vista e, principalmente, com o pagamento de horas vôo na TIY –
o preço da hora vôo passou de R$ 690 em 2004 a R$ 1300 (Ver
Yanomami na Imprensa – 12/03/2006 - “Sem governo era melhor”,
Revista Época). Na visão de Davi, faltam investimentos numa
estrutura mais eficaz de atendimento direto às comunidades, que evitariam
outros custos: “Na nossa floresta faltam muitos remédios, por isso
os enfermeiros apenas enviam sempre os Yanomami doentes para Boa Vista. Só
ficam fazendo remoções. Se houvesse muito remédio em cada
posto, cada pólo, se em cada um deles fosse colocado dinheiro, nós
não precisaríamos nos expor a novas doenças em Boa Vista
e nem gastar tanto dinheiro com avião. Quem está enriquecendo
é a empresa do dono do avião.
O dinheiro é
enviado de Brasília somente para isto.Para
as coisas que devem nos curar mesmo vai pouco dinheiro. Não tem soro,
não tem equipamento bom para trabalhar, não há o necessário
para tratar o doente lá no posto, lá na área yanomami.
Não é para fazer remoção de avião a toda
hora. Os funcionários estão mandando os Yanomami doentes para
Boa Vista porque lá mo mato não tem remédio. Está
faltando. Eles fazem relatório e pedem remédio para mas não
enviam de Boa Vista”.
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Coordenação Editorial: Bruce Albert (Assessor Antropológico CCPY) e Luis Fernando Pereira (Jornalista CCPY)
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