OParalelamente
ao esvaziamento dos postos de saúde, ocasionado pela desestruturação
na qualidade dos serviços de atendimento, agravam-se os sinais
de presença ilegal de garimpeiros em Terra Indígena Yanomami.
Chega a 14 o número de garimpeiros retirados da área pela
Polícia Federal em menos de um mês Denunciados pela Fundação
Nacional do Índio (Funai), foram localizados e removidos da terra
indígena em ação conjunta com a Polícia Federal.
No dia 22 de abril quatro deles foram localizados próximos ao Arathau,
pólo-base próximo ao do Surucucu, onde funciona um batalhão
do exército brasileiro. Seis dias depois, outros três foram
encontrados e levados a Boa Vista (RR), onde foram liberados após
depoimentos.
Durante
o início do mês de maio, mais sete foram retirados da região
do Catrimani, município de Alto Alegre (RR), sendo que dois deles
apresentavam ferimentos causados por balas. De acordo com declarações
do coordenador substituto da Funai, José Raimundo Batista, pelo
menos este último grupo já se encontrava há bastante
tempo atuando na terra indígena e se dirigiu aos postos em busca
de cuidados médicos.
Tais fatos corroboram as constantes denúncias feitas pelos Yanomami
que alertam há tempos sobre o crescimento e intensificação
das atividades ilegais de garimpo em terra indígena (Ver
Boletins 34,
43,
45,
47,
63,
65,
72
e 73).
Segundo José Raimundo Batista, a situação é
fruto direto de um sentimento de impunidade que vigora entre os garimpeiros:
“Eu avalio esta situação devido a um sentimento de
impunidade por parte da Justiça. A gente efetua a retirada, traz
eles, entrega na Justiça. Aí a Justiça não
pega eles, eles não têm um produto que caracteriza a garimpagem
dentro da terra indígena, como alegado na Justiça, aí
eles simplesmente prestam depoimento na Polícia Federal e são
liberados novamente. E posteriormente, diante da impunidade, eles retornam
a praticar a garimpagem ilegal”.
Apesar de não contar com números exatos no momento, a Funai
estima entre 700 e 800 o número de garimpeiros em terras indígenas
no estado de Roraima, sendo que grande parte se encontra no território
yanomami, principalmente nos sub-pólos de Arathau, Catrimani, Xitei
e Parafuri. Essas regiões são algumas das mais invadidas
por garimpeiros na Terra Indígena Yanomami. Em Arathau funcionários
da Fundação Universidade de Brasília (FUB) chegaram
a ser ameaçados, impossibilitando o trabalho de saúde e
causando o fechamento temporário do posto de atendimento (Ver
Boletins 72
e 73).
Quando não ocorre atrasos no repasse de recursos do Governo Federal
para operações de retirada de garimpeiros estas se vêm
prejudicadas por estratégias inadaptadas. Assim, no final de 2005,
a Polícia Federal sobrevoou a Terra Indígena limitando-se
a lançar panfletos na floresta para informar os garimpeiros da
ilegalidade da sua presença na terra indígena. O maior resultado
obtido foi que os infratores, prevenidos, se esconderam melhor na floresta
e ficaram mais cautelosos, dificultando ainda mais ações
efetivas futuras de desintrusão por parte dos órgãos
federais (Ver
Yanomami na Imprensa – 19/12/2005 - Aumenta presença de garimpeiros
na terra indígena Yanomami, alerta coordenador de ONG).